segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

sábado, 26 de fevereiro de 2011

O Conhecimento como Problema Filosófico (Teoria do Conhecimento)


Os filósofos modernos e a teoria do conhecimento

Quando se diz que a teoria do conhecimento tornou-se uma disciplina específica da Filosofia somente com os filósofos modernos (a partir do século XVII) não se pretende dizer que antes deles o problema do conhecimento não havia ocupado outros filósofos, e sim que, para os modernos, a questão do conhecimento foi considerada anterior à da ontologia e pré-condição ou pré-requisito para a Filosofia e as ciências.
Por que essa mudança de perspectiva dos gregos para os modernos? Porque entre eles instala-se o cristianismo, trazendo problemas que os antigos filósofos desconheciam. A perspectiva cristã introduziu algumas distinções que romperam com a idéiagrega de uma participação di reta e harmoniosa entre o nosso intelecto e a verdade, nosso ser e o mundo. O cristianismo fez distinção entre fé e razão, verdades reveladas e  verdades racionais, matéria e espírito, corpo e alma; afirmou que o erro e a ilusão são parte da natureza humana em decorrência do caráter pervertido de nossa vontade, após o pecado original. Em conseqüência, a Filosofia precisou enfrentar três problemas novos:
1. Como, sendo seres decaídos e pervertidos, podemos conhecer a verdade?
2. Sendo nossa natureza dupla (matéria e espírito), como nossa inteligência pode conhecer o que é diferente dela? Isto é, como seres corporais podem conhecer o incorporal (Deus)  e como seres dotados de alma incorpórea podem conhecer o corpóreo (mundo)?
3. Os filósofos antigos consideravam que éramos entes participantes de todas as formas de realidade: por nosso corpo, participamos da Natureza; por nossa alma, participamos da Inteligência divina. O cristianismo, ao introduzir a noção de pecado original, introduziu a separação radical entre os humanos (pervertidos e finitos) e a divindade (perfeita e infinita). Com isso, fez surgir a pergunta: como o finito (humano) pode conhecer a verdade (infinita e divina)?
Eis porque, durante toda a Idade Média, a fé tornou-se central para a Filosofia, pois era através dela que essas perguntas eram respondidas. Auxiliada pela graça divina, a fé iluminava nosso intelecto e guiava nossa vontade, permitindo à nossa razão o conhecimento do que está ao seu alcance, ao mesmo tempo em que nossaalma recebia os mistérios da revelação. A fé nos fazia saber (mesmo que não pudéssemos compreender como isso era possível) que, pela vontade soberana de Deus, era concedido à nossa alma imaterial conhecer as coisas materiais.
Os filósofos modernos, porém, não aceitaram essas respostas e por esse motivo a questão do conhecimento tornou-se central para eles. Os gregos se surpreendiam que pudesse haver erro, ilusão e mentira. Como a verdade – aletheia – era concebida como presença e manifestação do verdadeiro aos nossos sentidos ou ao nosso intelecto, isto é, como presença do Ser à nossa experiência sensível ou ao puro pensamento, a pergunta filosófica só podia ser: Como é possível o erro ou a ilusão? Ou seja, como é possível ver o que não é, dizer o que não é, pensar o que não é?
Para os modernos, a situação é exatamente contrária. Se a verdade depende da revelação e da vontade divinas, e se nosso intelecto foi pervertido pela nossa vontade pecadora, como podemos conhecer a verdade? Se a verdade depender da fé e se depender da fraqueza da nossa vontade, como nossa razão poderá conhecê-la? O cristianismo, particularmente com santo Agostinho, trouxe a idéia de que cada ser humano é uma  pessoa. Essa idéia vem do Direito Romano, que define a pessoa como um sujeito de direitos e de deveres. Se somos pessoas, somos responsáveis por nossos atos e pensamentos. Nossa pessoa é nossa  consciência, que é nossa alma dotada de vontade, imaginação, memória e inteligência.
A vontade é livre e, aprisionada num corpo passional e fraco, pode mergulhar nossa alma na ilusão e no erro. Estar no erro ou na verdade dependerá, portanto, de nós mesmos e por isso precisamos saber se podemos ou não conhecer a verdade e em que condições tal conhecimento é possível. Os primeiros filósofos cristãos e os medievais afirmavam que podemos conhecer a verdade, desde que a razão não contradiga a fé e se submeta a ela no tocante às verdades últimas e principais.
A primeira tarefa que os modernos se deram foi a de separar fé de razão, considerando cada uma delas destinada a conhecimentos diferentes e sem qualquer relação entre si. A segunda tarefa foi a de explicar como a alma-consciência, embora diferente dos corpos, pode conhecê-los. Consideraram que a alma pode conhecer os corpos porque os representa intelectualmente por meio das idéias e estas são imateriais como a própria alma. A terceira tarefa foi a de explicar como a razão e o pensamento podem tornar-se mais fortes do que a vontade e controlá-la para que evite o erro.
O problema do conhecimento torna-se, portanto, crucial e a Filosofia precisa começar pelo exame da capacidade humana de conhecer, pelo entendimento ou sujeito do conhecimento. A teoria do conhecimento volta-se para a relação entre o pensamento e as coisas, a consciência (interior) e a realidade (exterior), o entendimento e a realidade; em suma, o sujeito e o objeto do conhecimento.
Os dois filósofos que iniciam o exame da capacidade humana para o erro e a verdade são o inglês Francis Bacon e o francês René Descartes. O filósofo que propõe, pela primeira vez, uma teoria do conhecimento propriamente dita é o inglês John Locke. A partir do século XVII, portanto, a teoria do conhecimento torna-se uma disciplina central da Filosofia.

Bacon e Descartes 

Os gregos indagavam: como o erro é possível? Os modernos perguntaram: como a verdade é possível? Para os gregos, a verdade era  aletheia, para os modernos, veritas. Em outras palavras, para os modernos trata-se de compreender e explicar como os relatos mentais  – nossas idéias  – correspondem ao que se passa verdadeiramente na realidade. Apesar dessas diferenças, os filósofos retomaram o modo de trabalhar filosoficamente proposto por Sócrates, Platão e Aristóteles, qual seja, começar pelo exame das opiniões contrárias e ilusórias para ultrapassá - las em direção à verdade.
Antes de abordar o conhecimento verdadeiro, Bacon e Descartes examinaram exaustivamente as causas e as formas do erro, inaugurando um estilo filosófico que permanecerá na Filosofia, isto é, a análise dos preconceitos e do senso comum.
Bacon elaborou uma teoria conhecida como a crítica dos ídolos (a palavra  ídolo vem do grego  eidolon e significa imagem). Descartes, como já mencionamos, elaborou um método de análise conhecido como dúvida metódica. De acordo com Bacon, existem quatro tipos de ídolos ou de imagens que formam opiniões cristalizadas e preconceitos, que impedem o conhecimento da verdade:
1. ídolos da caverna: as opiniões que se formam em nós por erros e defeitos de nossos órgãos dos sentidos. São os mais fáceis de corrigir por nosso intelecto; 2. ídolos do fórum: são as opiniões que se formam em nós como conseqüência da linguagem e de nossas relações com os outros. São difíceis de vencer, mas o intelecto tem poder sobre eles; 3. ídolos do teatro: são as opiniões formadas em nós em decorrência dos poderes das autoridades que nos impõem seus pontos de vista e os transformam em decretos e leis inquestionáveis. Só podem ser refeitos se houver uma mudança social e política; 4.  ídolos da tribo: são as opiniões que se formam em nós em decorrência de nossa natureza humana; esses ídolos são próprios da espécie humana e só podem ser vencidos se houver uma reforma da própria natureza humana. Bacon inaugurou o método da indução enquanto Descartes o da dedução. Segundo o método da indução, para se chegar ao conhecimento verdadeiro deve se partir do particular, dos fenômenos individuais para observando-se a frequência com que eles ocorrem criar a teoria. Já Descartes fazia o inverso, ou seja, ia de uma ideia universal em direção aos fenômenos individuais, método conhecido como dedução.
Bacon acreditava que o avanço dos conhecimentos e das técnicas, as mudanças sociais e políticas e o desenvolvimento das ciências e da Filosofia propiciariam uma grande reforma do conhecimento humano, que seria também uma grande reforma na vida humana. Tanto assim  que, ao lado de suas obras filosóficas, escreveu uma obra filosófico-política, a Nova Atlântida, na qual descreve e narra uma sociedade ideal e perfeita, nascida do conhecimento verdadeiro e do desenvolvimento das técnicas.
Descartes localizava a origem do erro em duas atitudes que chamou de atitudes infantis:
1. a  prevenção, que é a facilidade com que nosso espírito se deixa levar pelas opiniões e idéias alheias, sem se preocupar em verificar se são ou não verdadeiras. São as opiniões que se cristalizam em nós sob a forma de preconceitos (colocados em nós por pais, professores, livros, autoridades) e que escravizam nosso pensamento, impedindo-nos de pensar e de investigar;
2. a  precipitação, que é a facilidade e a velocidade com que nossa vontade nos faz emitir juízos sobre as coisas antes de verificarmos se nossas idéias são ou não são verdadeiras. São opiniões que emitimos em conseqüência de nossa vontade ser mais forte e poderosa do que nosso intelecto. Originam-se no conhecimento sensível, na imaginação,  na linguagem e na memória.
Como Bacon, Descartes também está convencido de que é possível vencer esses efeitos, graças a uma reforma do entendimento e das ciências. (Descartes não pensa na necessidade de mudanças sociais e políticas, diferindo de Bacon nesse aspecto.) Essa reforma pode ser feita pelo sujeito do conhecimento, se este decidir e deliberar pela necessidade de encontrar fundamentos seguros para o saber. Para isso Descartes criou um procedimento, a dúvida metódica, pela qual o sujeito do conhecimento, analisando cada um de seus conhecimentos, conhece e avalia as fontes e as causas de cada um, a forma e o conteúdo de cada um, a falsidade e a verdade de cada um e encontra meios para livrar-se de tudo quanto seja duvidoso perante o pensamento. Ao mesmo tempo, o pensamento oferece ao espírito um conjunto de  regras que deverão ser obedecidas para que um conhecimento seja considerado verdadeiro.
Para Descartes, o conhecimento sensível (isto é, sensação, percepção, imaginação, memória e linguagem) é a causa do erro e deve ser afastado. O conhecimento verdadeiro é puramente intelectual, parte das idéias inatas e controla (por meio de regras) as investigações filosóficas, científicas e técnicas.
 
Locke

Locke é o iniciador da teoria do conhecimento propriamente dita porque se propõe a analisar cada uma das formas de conhecimento que possuímos, a origem de nossas idéias e nossos discursos, a finalidade das teorias e as capacidades do sujeito cognoscente relacionadas com os objetos que ele pode conhecer. Seguindo a trilha que fora aberta por Aristóteles, Locke também distingue graus de conhecimento, começando pelas sensações até chegar ao pensamento.
Comparemos o que escreveu Aristóteles, no início da Metafísica, e o que afirmou Locke, no início do Ensaio sobre o entendimento humano.
Aristóteles escreveu:
Todos os homens têm, por natureza, o desejo de conhecer. O prazer causado pelas sensações é a prova disso, pois, mesmo fora de qualquer utilidade, as sensações nos agradam por si mesmas e, mais do que todas as outras, as sensações visuais.
Locke afirmou:
Visto que o entendimento situa o homem acima dos outros seres sensíveis e dá-lhe toda vantagem e todo domínio que tem sobre eles, seu estudo consiste certamente num tópico que, por sua nobreza, é merecedor de nosso trabalho de investigá-lo. O entendimento, como o olho, que nos faz ver e perceber todas as outras coisas, não se observa a si mesmo; requer arte e esforço situá-lo à distância e fazê-lo seu próprio objeto.
Assim como Aristóteles diferia de Platão, Locke difere de Descartes. Platão e Descartes afastam a experiência sensível ou o conhecimento sensível do conhecimento verdadeiro, que é puramente intelectual. Aristóteles e Locke consideram que o conhecimento se realiza por graus contínuos, partindo da sensação até chegar às idéias.
Essa diferença de perspectiva estabelece as duas grandes orientações da teoria do conhecimento, conhecidas como racionalismo e empirismo.
Para o racionalismo, a fonte do conhecimento verdadeiro é a razão operando por si mesma, sem  o auxílio da experiência sensível e controlando a própriaexperiência sensível. Para o empirismo, a fonte de todo e qualquer conhecimento é a experiência sensível, responsável pelas idéias da razão e controlando o trabalho da própria razão.
Essas diferenças, porém, não impedem que haja um elemento comum a todos os filósofos a partir da modernidade, qual seja, tomar o entendimento humano como objeto da investigação filosófica. Tornar o entendimento objeto para si próprio, tornar o sujeito do conhecimento objeto de conhecimento para si mesmo é a grande tarefa que a modernidade filosófica inaugura, ao desenvolver a teoria do conhecimento. Como se trata da volta do conhecimento sobre si mesmo para conhecer-se, ou do sujeito do conhecimento colocando-se como objeto para si mesmo, a teoria do conhecimento é a reflexão filosófica.

A consciência: o eu, a pessoa, o cidadão e o sujeito
A teoria do conhecimento no seu todo realiza-se como reflexão do entendimento e baseia-se num pressuposto fundamental: o de que somos seres racionais conscientes.

O que se entende por consciência?
A capacidade humana para conhecer, para saber que conhece e para saber o que sabe que conhece. A consciência é um conhecimento (das coisas e de si) e um conhecimento desse conhecimento (reflexão).
Do ponto de vista psicológico, a consciência é o sentimento de nossa própria identidade: é o eu, um fluxo temporal de estados corporais e mentais, que retém o passado na memória, percebe o presente pela atenção e espera o futuro pela imaginação e pelo pensamento. O  eu é o centro ou a unidade de todos esses estados psíquicos.
A consciência psicológica ou o  eu é formada por nossas  vivências, isto é, pela maneira como sentimos e compreendemos o que se passa em nosso corpo e no mundo que nos rodeia, assim como o que se passa em nosso interior. É a maneira individual e própria com que cada um de nós percebe, imagina, lembra, opina, deseja, age, ama e odeia, sente prazer e dor, toma posição diante das coisas e dos outros, decide, sente-se feliz ou infeliz.
Do ponto de vista ético e moral, a consciência é a espontaneidade livre e racional, para escolher, deliberar e agir conforme à liberdade, aos direitos alheios e ao dever. É a  pessoa, dotada de vontade livre e de responsabilidade. É a capacidade para compreender e interpretar sua situação e sua condição (física, mental, social, cultural, histórica), viver na companhia dos outros segundo as normas e os valores morais definidos por sua sociedade, agir tendo em vista fins escolhidos por deliberação e decisão, realizar as virtudes e, quando necessário, contrapor-se e opor-se aos valores estabelecidos em nome de outros, considerados mais adequados à liberdade e à responsabilidade.
Do ponto de vista político, a consciência é o  cidadão, isto é, tanto o indivíduo situado  no tecido das relações sociais, como portador de direitos e deveres,  relacionando-se com a esfera pública do poder e das leis, quanto o membro de uma classe social, definido por sua situação e posição nessa classe, portador e defensor de interesses específicos de seu grupo ou de sua classe, relacionando-se
com a esfera pública do poder e das leis.
A consciência moral (a pessoa) e a consciência política (o cidadão) formam-se pelas relações entre as vivências do  eu e os valores e as instituições de sua sociedade ou de sua cultura. São as maneiras pelas quais nos relacionamos com os outros por meio de comportamentos e de práticas determinados pelos códigos morais (que definem deveres, obrigações, virtudes) e políticos (que definem direitos, deveres e instituições coletivas públicas), a partir do modo como uma cultura e uma sociedade determinadas definem o bem e o mal, o justo e o injusto, o legítimo e o ilegítimo, o legal e o ilegal, o privado e o público. O  eu é uma vivência e uma experiência que se realiza por comportamentos; a  pessoa e o cidadão são a consciência como agente (moral e político), como práxis.
Do ponto de vista da teoria do conhecimento, a consciência é uma atividade sensível e intelectual dotada do poder de análise, síntese e representação. É o sujeito. Reconhece-se como diferente dos objetos, cria e descobre significações, institui sentidos, elabora conceitos, idéias, juízos e teorias. É dotado de capacidade para conhecer-se a si mesmo no ato do conhecimento, ou seja, é capaz de reflexão. É saber de si e saber sobre o mundo, manifestando-se como sujeito percebedor, imaginante, memorioso, falante e pensante. É o entendimento propriamente dito.
A consciência reflexiva ou o sujeito do conhecimento forma-se como atividade de análise e síntese, de representação e de significação voltadas para a explicação, descrição e interpretação da realidade e das outras três esferas da vida consciente (vida psíquica, moral e política), isto é, da posição do mundo natural e cultural e de si mesma como objetos de conhecimento. Apóia-se em métodos de conhecer e busca a verdade ou o verdadeiro. É o aspecto intelectual e teórico da consciência.
Ao contrário do  eu, o  sujeito do conhecimento não é uma vivência individual, mas aspira à universalidade, ou seja, à capacidade  de conhecimento que seja idêntica em todos os seres humanos e com validade para todos os seres humanos, em todos os tempos e lugares. Assim, por exemplo, João pode gostar de geometria e Paula pode detestar essa matéria, mas o que ambos sentem não afetam os conceitos geométricos, nem os procedimentos matemáticos, cujo sentido e valor independem das vivências de ambos e são o objeto construído ou descoberto pelo sujeito do conhecimento.
Maria pode não saber que existe a física quântica e pode, ao ser informada sobre ela, não acreditar nela e não gostar da idéia de que seu corpo seja apenas movimento infinito de partículas invisíveis. Isso, porém, não afeta a validade e o sentido da ciência quântica, descoberta e conhecida pelo sujeito. Luíza tem lembranças agradáveis quando vê rosas amarelas; Antônio, porém, tem péssimas lembranças quando as vê. Porém, ver flores e cores, perceber qualidades, senti-las afetivamente não depende de que queiramos ou não vê -las, como não depende do nosso eu percebê-las espacialmente ou temporalmente. A percepção de cores, de seres espaciais e temporais se realiza em mim não apenas segundo minhas vivências psicológicas individuais, mas também segundo leis, normas, princípios de estruturação e organização das coisas, que são as mesmas para todos os sujeitos percebedores. É com essa estruturação e organização que lida o sujeito.
A vivência é singular (minha). O conhecimento é universal (nosso, de todos os humanos). Eu,  pessoa,  cidadão e  sujeito constituem a consciência como  subjetividade ativa, sede da razão e do pensamento, capaz de identidade consigo mesma, virtude, direitos e verdade.

Fonte: Marilena Chauí, Convite à Filosofia.

Para pensar:

1. O cristianismo fez distinção entre fé e razão, verdades reveladas e  verdades racionais, matéria e espírito, corpo e alma; afirmou que o erro e a ilusão são parte da natureza humana em decorrência do caráter pervertido de nossa vontade, após o pecado original. Em conseqüência, a Filosofia precisou enfrentar três problemas novos. Quais os três problemas que a filosofia moderna precisou enfrentar com relação ao problema do conhecimento?

2. Quando o conhecimento se torna um problema propriamente dito para a Filosofia? Quem é o filósofo que inicia essa investigação das condições de possibilidade do conhecimento?

3. Para que haja conhecimento é preciso uma relação entre dois elementos, quais são eles? Explique como se dá essa relação.

4. Os filósofos modernos, na investigação do conhecimento, querem evitar o erro. São eles Bacon e Descartes. Como eles fazem para evitar o erro e ter certeza de conhecer a verdade?

5. Explique a diferença entre o método indutivo e o dedutivo. Dê exemplos.

6. De acordo com Locke, qual seria a origem do conhecimento? Dê exemplos.

7. De acordo com Descartes, qual a origem do conhecimento? Dê exemplos.

8. Explique método da "dúvida metódica" de Descartes para desenvolver a sua filosofia do conhecimento verdadeiro.

9. Qual a diferença entre o racionalismo e o empirismo?

10. De acordo com o que você aprendeu sobre o racionalismo e o empirismo, como você se posiciona a respeito da origem do conhecimento verdadeiro? Seria a razão, a fonte do conhecimento ou, ao contrário, seria a experiência decorrente dos nossos sentidos, que originam nosso conhecimento?

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Construção do Sujeito Moral



Liberdade na sociedade

"O homem nasce livre e, por toda parte, encontra-se a ferros." Jean-Jacques Rousseau


Uma das maiores conquistas da humanidade foi desenvolver a sociedade: homens, mulheres e crianças convivem no mesmo espaço  cívico, produzindo objetos domésticos, instrumentos de trabalho, vestuário, edificações, comércio, templos, indústrias e conhecimento variados em escolas, laboratórios e universidades.
Junto com a sociedade foi necessário estabelecer regras de convívio para evitar atos de prepotência dos fortes sobre os fracos e para estabelecer a liberdade de ação e pensamento de todos os integrantes. A liberdade social, portanto, baseia-se em direitos e deveres comuns e não na libertinagem - ideia de que cada um faz o que quer e quando quer. A liberdade individual tem que ser respeitada, mas repreendida quando prejudica a qualidade de vida na coletividade. Por isso existem regras que proíbem roubar, matar, poluir.
A sociedade livre perde valor quando é sufocada ou impedida por interesses privados, egoístas ou racistas, como nos casos de escravidão, prisão injusta, exploração ou privação do trabalho, de governos autoritários ou quando a própria pessoa dela abdica, por comodismo, insegurança ou descrença.
A Constituição Federal brasileira de 1988 assegura a liberdade para todos os cidadãos, bastando, para isso, nossa vontade para exigir que ela se cumpra. Diz o artigo 5º: todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade.

Para refletir sobre o que foi dito, analise os trechos a seguir, extraídos da obra O Contrato Social, de Jean-Jacques Rousseau. Leia-os e associe com o tema construção do sujeito moral e com a dinâmica do cego e do guia ( uma pessoa guia o outro que está de olhos fechados e se coloca no lugar de cego e o outro no lugar de guia e orienta a pessoa que não vê).

"A mais antiga de todas as sociedades, e a única natural, é a da família; ainda assim só se prendem os filhos ao pai enquanto dele necessitam, para a própria conservação. Desde que tal necessidade cessa, desfaz-se o liame (a ligação) natural. Os filhos, isentos da obediência que devem ao pai, e este, isento dos cuidados que deve aos filhos, voltam todos a ser igualmente independentes. Se continuarem unidos, já não é natural, mas voluntariamente, e a própria família só se mantém por convenção. (...)
Visto que homem algum tem autoridade natural sobre seus semelhantes e que a força não produz nenhum direito, só restam as convenções como base de toda a autoridade legítima existente entre os homens." Jean-Jacques Rousseau. O Contrato Social.

Atividades

1. Discuta as questões abaixo com seus colegas e coloque o seu pensamento a respeito:
a) A cidadania garante a liberdade individual?
b) Por que dependemos do outro para exercer a liberdade?
c) Podemos fazer tudo de que temos vontade?
d) A sociedade possibilita a liberdade ou a reprime?

2. Leia estes trechos:
Trecho 1
Ora, nada é mais meigo do que o homem em seu estado primitivo, quando, colocado pela natureza a igual distância da estupidez dos brutos e da luzes funestas do homem civil, e compelido tanto pelo instinto quanto pela razão a defender-se do mal que o ameaça, é impedido pela piedade natural de fazer mal a alguém sem ser a isso levado por alguma coisa ou mesmo depois de atingido por algum mal. ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamenos de desigualdade entre os homens. São Paulo: Abril, 1978. p.264.

Trecho 2
O homem nasce livre e, por toda parte, encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos demais não deixa de ser mais escravo do que eles. ROUSSEAU, Jean-Jacques. O Contrato social. São Paulo: Abril, 1978. p.22.

A partir das ideias contidas nesses trechos:
a)Defina a condição do homem no seu estado natural;

b) Compare a situação do homem primitivo, descrita por Rousseau, com a situação vivida pelos homens nas sociedades industriais contemporâneas.

O ser humano é livre ou determinado?

- Eu sou uma pessoa determinada!
Você já afirmou isso ou pelo menos ouviu alguém dizer? As palavras "determinada, determinado ou determinismo" estão presentes no dia-a-dia em diversas situações, porém nem sempre com o mesmo significado. Segundo o Dicionário Houaiss, determinismo indica o princípio segundo o qual tudo no Universo, até mesmo a vontade humana, está submetido a leis necessárias e imutáveis, de tal forma que o comportamento humano está totalmente predeterminado pela natureza, e o sentimento de liberdade não passa de uma ilusão subjetiva.
Parece complicado, mas não é: isso significa que nem sempre agimos conforme nossas vontades, porque existem leis naturais que nos impedem. Não podemos voar, respirar embaixo da água, correr na velocidade do som ou da luz, comer plantas venenosas e assim por diante. Temos limitações!
Além das leis naturais, existem aquelas criadas em sociedade pelos vereadores, deputados, senadores, juízes, advogados e especialistas em leis (os juristas). Até os grupos organizados criam suas leis: entre presos nas penitenciárias, entre meninos e meninas de rua, entre lutadores, entre os ecologistas.
O filósofo francês Hippolyte Taine (1828-1893) chamava a atenção, já no século XIX, para o fato  de sermos herdeiros diretos de uma raça, de um meio físico e cultural e do tempo histórico. Para ele, esses elementos formam nosso modo de ser e agir. No Brasil, as obras do escritor Aluisio de Azevedo retratam esse modo de pensar, especialmente nos romances O Mulato e O Cortiço.
As leis naturais e culturais existem e devemos conviver com elas. Usando a inteligência e a criatividade, o ser humano aproveitou os desafios e determinismos oferecidos pelas leis naturais para criar maneiras de viver, e desenvolveu objetos que aumentaram seu poder de ação na sociedade. Automóveis, móveis, cidades, eletrodomésticos, máquinas, shoppings e outras criações ajudaram a melhorar a vida e o poder de liberdade, de pensamento e de ação. Nós podemos nos determinar!
A autodeterminação faz as pessoas sentirem-se bem, trabalharem com alegria e relacionarem-se umas com as outras, com segurança e vontade. Fazer escolhas e tomar decisões por conta própria torna-as mais realizadas. A consciência dos determinismos natural e cultural e a capacidade de autocontrole constituem o livre-arbítrio. Como acreditava o filósofo alemão Karl Jaspers (1883-1969), só nos momentos em que exerço minha liberdade é que sou plenamente eu mesmo: ser livre significa ser eu mesmo.
A interessante visão do filósofo Jaspers leva-nos a concluir que o ser humano é livre e determinado ao mesmo tempo. Livre porque é capaz de pensar e decidir por si mesmo; determinado porque vive em sociedade. Tal conclusão nos faz pensar filosoficamente a liberdade sob três aspectos:
1. A liberdade é essencial para todos os seres humanos, independentemente de credo, raça, condição social, política ou econômica.
2. A liberdade deve ser garantida para todos os indivíduos, através da Constituição do país, como convenção ou acordo social: a pessoa tem o direito de ser livre e o dever de respeitar a liberdade dos seus pares.
3. A liberdade é um valor ou direito inalienável do ser humano, sendo a escravidão considerada antiética e imoral.
Tendo consciência das forças ou leis que agem sobre nós, fica mais fácil alimentar a vontade e exercitar a inteligência para escolher a direção que desejamos tomar; em outras, estabelecer um projeto de vida com livre-arbítrio.

Atividades
Pesquisem na internet, em livros, jornais ou revistas como funciona uma prisão ou uma penitenciária e, em seguida, procedam conforme explicado a seguir.
a) Descrevam o funconamento do local pesquisado: quem está preso, quem toma conta oficialmente dos presos, qual a regra para visitas, quais as principais penas, qual o tempo médio de prisão.
b) Discuta e opine sobre a pena de morte existente em alguns países como os EUA.

Será que existe destino?


 Strudiwick - Um fio de ouro - 1885 - óleo sobre tela Tje Tate Gallery, Londres



As Moiras, divindades gregas, eram três irmãs que teciam o destino das pessoas desde o nascimento até a morte. O fio era trabalhado na trama da vida e cortado quando, arbitrariamente, as Moiras decidiam, encerrando assim a existência.
Você acredita em destino? Já ouviu dizer que sua vida estava escrita antes de vocês nascer? Aquele que crê nisso está influenciado pela ideia determinista, que consiste em entender a realidade como uma situação preestabelecida e independemente da vontade humana. Existem religiões que defendem a ideia de que o ser humano apenas faz o que já havia sido determinado por Deus ou pelos deuses.
No cristianismo, por exemplo, acredita-se que Deus dotou o homem de livre-arbitrio: capacidade de escolher entre o bem e o mal, ou seja, de escolher o próprio caminho. O destino do ser humano, traçado por Deus, é fazer escolhas para a vida e, racionalmente, viver da forma como optou.
Isso nos leva a pensar no seguinte: quando não se tem poder de decisão sobre os rumos da própria vida, ou seja, quando se acredita em destino traçado por forças naturais ou divinas, nada do que se faz poderá interferir no resultado. Destino é viver o que foi planejado por uma mente ou um ser mais poderoso.
Quando se acredita na liberdade, ao contrário, tudo pode ser feito, modificado ou criado quantas vezes forem necessárias. A vida passa a ter mais sentido e as realizações ganham maior importância. "Ter o pé no chão" é não aceitar o destino traçado, independentemente de nossa vontade ou desejo.

Atividades

1. Leia o texto a seguir e identifique se existem manifestações do destino.

Amala e Kamala: as meninas-lobo
Na Índia, onde os casos de meninos-lobo foram relativamente numerosos, descobriram-se, em 1920, duas crianças. Amala e Kamala, vivendo no meio de uma família de lobos. A primeira tinha um ano e meio e veio a morrer um ano mais tarde. Kamala, de oito anos de idade, viveu até os 16 anos e morreu em 1929. Não tinham nada de humano, e seu comportamento era exatamente semelhante àquele de seus irmãos lobos.
Elas caminhavam de quatro, apoiando-se sobre os joelhos e cotovelos para os pequenos trajetos e sobre as mãos e os pés para os trajetos longos e rápidos.
Eram incapazes de permanecer em pé. Só se alimentavam de carne rua ou podre. Comiam e bebiam como os animais, lançando a cabeça para frente e lambendo os líquidos. Na instituição onde foram recolhidas, passavam o dia acabrunhadas e prostradas numa sombra. Eram ativas e ruidosas durante a noite, procurando fugir e uivando como lobos. Nunca choravam ou riam.
Kamala viveu oito anos na instituição que a acolheu, humanizando-se lentamente. Necessitou de seis anos para aprender a andar e, pouco antes de morrer, tinha um vocabulário de apenas cinquenta palavras. Atitudes afetivas foram aparecendo aos poucos. Chorou pela primeira vez  quando Amala morreu e se apegou lentamente às pessoas que cuidaram dela, bem como às outras com as quais conviveu. Sua inteligência permitiu-lhes comunicar-se por gestos, inicialmente, e depois por palavras de um vocabulário rudimentar, aprendendo a executar ordens simples. LEYMOND, B. Le development social de l'enfant et del'adolescent.Bruxelles: Dessart, 1965. p. 12-14.

Analisem a história e respondam às questões propostas.
a) Por que as meninas-lobo não tinham comportamentos iguais aos de um ser humano considerado normal ou civilizado?
b) Por que não conseguiam permanecer em pé, como os seres humanos?
c) Quais as razões prováveis que explicam a dificuldade de Kamala em manifestar atitudes afetivas em relação aos outros?
d) O fato de as meninas-lobo terem sido levadas para um orfanato indica que seus destinos estavam traçados, ou resultou da interferência humana na vida delas?
e) Defina o que são destino, determinismo e liberdade. Cite um exemplo prático para ilustrar cada definição.

Liberdade é responsabilidade

O exercício da liberdade individual leva-nos a assumir responsabilidades à medida que nossas ações afetam positiva ou negativamente nossos semelhantes. Nesse sentido, o filósofo francês Jean-Paul Sartre (1905-1980) diz que o homem está condenado a ser livre. Condenado porque não se criou a si mesmo; e como, no entanto, é livre, uma vez que foi lançado ao mundo, é responsável por tudo o que faz. Ser livre é aprender a conviver, viver junto, respeitando os limites de cada um, aprendendo a compartilhar os sonhos, a vida, as alegrias, as esperanças.
Graças a essa compreensão da liberdade, surgiu na Europa, entre os séculos XIX e XX, a filosofia da existência ou existencialismo, tornando-se influente no período pós-Segunda Guerra Mundial, como resposta a uma situação histórica européia nunca antes observada: países separados pelo capitalismo e socialismo; destruição da infra-estrutura de saúde, educação, segurança, trabalho, moradia e transportes; genocídio de judeus e eslavos; perda de liberdade com regimes totalitários; descrença em relação à diplomacia e ao diálogo, como consequência do conflito armado.
O existencialismo surgiu visando a resgatar o sentido da vida depois das atrocidades  e destruições nas duas guerras, afirmando que o ser humano foi lançado no mundo para enfrentar problemas e encontrar soluções - através da racionalidade e das emoções - sem a necessidade de usar, como ferramenta, métodos e técnicas científicas para provar a superioridade de um povo sobre outro.
Para levar em frente as denúncias e suas teses, os filósofos existencialistas criaram e se dividiram em duas grandes correntes: o existencialismo cristão, que procura relacionar a existência humana (seus erros e acertos) com Deus, tendo como representante principal o filósofo Kierkegaard; e o existencialismo humanista, que investiga a natureza da existência humana como sendo passageira, contingente, autocriadora e autodestruidora, tendo como representantes principais os filósofos Heidegger e Sartre.

EXISTENCIALISMO CRISTÃO

Soren Kierkeggard, considerado o precursor do movimento existencialista, em função da ardente fé cristã, sofreu com chacotas e críticas de todo tipo. O cristão, dizia, deve seguir verdadeiramente os ensinamentos de Jesus Cristo, porque o cristianismo é de uma seriedade tremenda: é nesta vida que se decide a tua eternidade (...).
Ele define o indivíduo como ser moral autônomo. O que determina o homem como ser moral é o fato de que somente ele tem capacidade de tomar decisões: pela atitude decidida, cada um cria sua vida e se assume sendo quem é. Para Kierkeggard, a escolha e a decisão têm implicações religiosas, pois a alma individual está ligada diretamente a Deus.

EXISTENCIALISMO HUMANISTA


Para Martin Heidegger, filósofo existencialista mais influente do século XX, o homem é o único ser qque tem consciência da própria existência. O fato de ele existir implica necessariamente existir num mundo juntamente com os outros, com os animais e com o mundo físico (objetos, coisas).A vida em conjunto tanto pode ser alienante, uma que assumimos o que os outros pensam, quanto autêntica, visto sermos livres para escolher o modo de viver. Para Heidegger, a liberdade só tem sentido associada à responsabilidade de assumir o próprio ser.
Jean Paul Sartre, filósofo mais popular de todos os tempos, teve brilhante carreira literária, além de ser professor colegial de filosofia.
Sua contribuição mais marcante no movimento existencialista foi a de afirmar que a existência precede a essência. Isso significa dizer que o homem faz a si mesmo no ato de existir, ou seja, não há nenhum projeto ou destino que determine seu modo de ser. A liberdade, para ele, significa criar a si mesmo, sempre assumindo o compromisso social com a responsabilidade de seus atos.

Atividades

1. O que você entende por tomar decisão? Associe decisão com liberdade.
2. O que Heidegger quer dizer com "a liberdade só tem sentido associada à responsabilidade"?
3. Explique como surgiu o movimento existencialista e quais as suas principais ideias.
4. (UFMG) Leia este trecho:
O homem é, antes de mais nada, um projeto que se vive subjetivamente, em vez de ser um creme, qualquer coisa podre ou uma couve-flor; nada existe anteriormente a este projeto; nada há inteligível, e o homem será antes de mais nada o que tiver projetado ser. Não o que ele quiser ser. Porque o que entendemos vulgarmente por querer uma decisão consciente e que, para a maior parte de nós, é posterior àquilo que ele próprio se fez. Posso querer aderir a um partido, escrever um livro, casar-me; tudo isso não é mais do que a manifestação duma escolha mais original, mais espontânea do que o que se chama de vontade. Mas se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que é (...)
Se, com efeito, a existência precede a essência, não será nunca possível referir uma explicação a uma natureza dada e imutável; por outras palavras, não há determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade (...).
... o homem, sem qualquer apoio e sem qualquer auxílio, está condenado a cada instante a inventar o homem. SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. São Paulo: Abril Cultural, 1978. p. 6, 9 e 10.

Com base na leitura desse trecho e em outros conhecimentos presentes nessa obra de Sartre:
a) Explique o que o autor quer dizer ao afirmar que a existência precede a essência.

b) Argumente a favor ou contra a ideia do autor de que o homem está condenado a ser livre.

5. Leia o texto complementar de Sartre sobre a questão de liberdade e responda à questão.

O existencialista não pensará também que o homem pode encontrar auxilio num sinal dado sobre a Terra, e que o há de orientar; porque pensa que o homem decifra ele mesmo esse sinal como lhe aprouver. Pensa, portanto, que o homem, sem qualquer apoio e sem qualquer auxilio, está condenado a cada instante a inventar o homem. (Sartre)

O texto diz respeito aos assunto liberdade. Explique o conceito de liberdade, segundo Sartre, e cite um exemplo que se relacione ao seu cotidiano.


Fonte: Filosofia. Ensino Médio. Editora Dom Bosco. Curitiba-PR.1998.










Metodologia do Trabalho Científico Aplicado ao Ensino Médio


O trabalho escolar é um documento que representa o resultado de um estudo/pesquisa sobre um assunto. Sua produção pode envolver um ou mais alunos e, necessariamente deverá ter a coordenação de um orientador.
O processo de elaboração de um trabalho escolar é uma vivência que precisa ser criativa possibilitando uma interação rica com pessoas, fontes e recursos diversos, a fim de atingir maior autonomia com relação à forma de aprender e construir conhecimentos, desenvolvendo uma visão mais crítica e ampliada.

 

1 REGRAS GERAIS DE APRESENTAÇÃO


A apresentação escrita de um trabalho (trabalho escolar, resumo e relatório) deve ser realizada conforme indicações abaixo:
a) tipo de papel – deve ser utilizado o papel branco, preferencialmente nas dimensões 297x210 mm (A4);
b) escrita – digitado com tinta preta e somente um lado da folha;
c) paginação – as folhas do trabalho devem ser contadas seqüencialmente desde o sumário, mas não numeradas. A numeração é colocada a partir da introdução. O número localiza-se a 2 cm da borda superior do papel, margeado à direita;
d) margem - superior e esquerda = 3 cm inferior e direita = 2 cm;
e) espaçamento – todo texto deve ser digitado com espaçamento 1,5 de entrelinhas;
f) letra – tipo de letra Times New Roman ou Arial tamanho 12 e para citação direta usar fonte tamanho 10;
g) parágrafo – 2cm da margem esquerda;
h) numeração Progressiva – para melhor organização e apresentação do trabalho, deve-se adotar a numeração progressiva das seções do texto. Os títulos das seções primárias (capítulos), por serem as principais divisões de um texto, devem iniciar em folha distinta, com indicativo numérico alinhado à esquerda e separado por um espaço.
Destacam-se gradativamente os títulos das seções, utilizando-se os recursos de caixa alta ou versal, negrito ou, itálico.
Exemplo de numeração progressiva de um trabalho escolar

 

1 SEÇÃO PRIMÁRIA

 1.1 Seção secundária

1.1.1 Seção terciária

1.1.1.1 Seção quaternária

1.1.1.1.1 Seção quinária

 

1 INTRODUÇÃO

(título considerado como seção primária ou capítulo - deve localizar-se no início de página, margeado à esquerda, digitado em negrito, , - fonte tamanho 12, caixa alta)
(texto)

2 CONCEITO DE TRABALHO

(título considerado como seção primária ou capítulo - deve localizar-se no início de página, margeado à esquerda, digitado em negrito,- fonte tamanho 12, caixa alta)
(texto)

2.1Trabalho alienado

(subtítulo considerado como seção secundária - deve estar margeado à esquerda, fonte tamanho 12; negrito; versal)
(texto)

2.1.1 Fetichismo

(subtítulo considerado como seção terciária - deve estar margeado à esquerda, fonte tamanho 12; itálico; versal)
(texto)

 

3 CONCLUSÃO

[título considerado como seção primária (capítulo) - início de página - fonte tamanho 12, caixa alta; negrito]
(texto)
Os títulos - Sumário; Referências; Anexos - não são numerados e devem aparecer na página de forma centralizada.

 

2 ESTRUTURA BÁSICA DE UM TRABALHO ESCOLAR

A estrutura básica de um trabalho escolar deverá compreender: elementos pré-textuais (capa; sumário), textuais (introdução; desenvolvimento; conclusão) e pós-textuais (referência; anexo).


Elementos Pré-textuais

 

2.1 Capa

Deve ser de papel consistente ou simples, sem ilustração ou " embelezamento", composta de: a) Cabeçalho: nome da Instituição responsável, com subordinação até o nível do professor. Deve ser centralizado à margem superior, com letras maiúsculas, tamanho 12, espaçamento entre linhas simples;
b) Título do trabalho: no centro da folha, centralizado, tamanho 16;
c) Nome do aluno/série: abaixo do título 5 cm, centralizado, letras maiúsculas, tamanho12;
d) Local, mês e ano: centralizado, a 3cm da borda inferior e as primeiras letras maiúsculas, tamanho 12.

 

2.2 Sumário

Iniciar em folha distinta, título sem indicativo numérico, centralizado a 3 cm da borda superior com o texto iniciando 2 cm abaixo.
Indica as partes do trabalho, capítulos, itens e subitens, e as páginas em que se encontram. (ABNT. NBR 6027, 2003)

 

Elementos Textuais:

 

2.3 Texto: Introdução

Iniciar em folha distinta apresentando o indicativo numérico (1), alinhado à margem esquerda, a 3cm de borda superior e o texto deve iniciar 2cm abaixo.
A parte introdutória abre o trabalho propriamente dito, anunciando o assunto a ser abordado.
Na seqüência é necessário delimitá-lo, isto é, indicar o ponto de vista sob o qual será tratado; situá-lo no tempo e espaço; mostrar a sua importância e apontar a metodologia empregada (pesquisa bibliográfica, pesquisa de laboratório, etc).

 

2.4 Texto: Desenvolvimento

Também chamado corpo do trabalho, deve apresentar o detalhamento da pesquisa realizada e comunicar seus resultados. O conteúdo pode ser subdividido em capítulos, dentro de uma estrutura lógica com que o tema foi desenvolvido.
Deve-se iniciar pelos títulos mais importantes do plano e subdividir cada um segundo o material disponível, em itens e subitens, adotando uma numeração progressiva até o final do trabalho. Esta divisão servirá de base para a realização do sumário.
Exemplo:

2 FILOSOFIA

2.1 Introdução à Filosofia

2.1.1 História da Filosofia

2.2 Temas de Filosofia

 

2.5 Texto: Conclusão

Iniciar em folha distinta apresentando um indicativo numérico, alinhado à esquerda.
Constitui o ponto de chegada, isto é, deve apresentar a resposta ao tema anunciado na introdução. Não é apropriado iniciar afirmando que vai concluir. A conclusão não é uma idéia nova ou um resumo marcante dos argumentos principais, é síntese interpretativa dos elementos dispersos pelo trabalho, ponto de chegada das deduções lógicas, baseadas no desenvolvimento.

 

Elementos Pós-textuais:

 

2.6 Referências Bibliográficas

Apresenta-se em folha distinta, título centralizado, sem indicação numérica, elemento obrigatório.
(ABNT. NBR 14724, 2002)
Todas as fontes de informação (livro, revista, fita de vídeo, home-page, CD-ROM, etc) utilizadas na elaboração do trabalho devem ser arroladas alfabeticamente em uma lista, digitadas em espaço simples, margeadas à esquerda e separadas entre si por espaço duplo.

 

FORMATO DE APRESENTAÇÃO DAS REFERÊNCIAS

ABNT. NBR 6028: resumos. Rio de Janeiro, 1990. 3 p
DINA, Antonio. A fábrica automática e a organização do trabalho. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1987. 132 p.
INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA - IBICT. Bases de dados em Ciência e Tecnologia. Brasília, n. 1, 1996. CD-ROM.
KRAEMER, Ligia Leindorf Bartz. Apostila.doc. Curitiba, 13 maio 1995. 1 arquivo (605 bytes). Disquete 3 1/2. Word for windows 6.0.
SANTOS, Rogério Leite dos; LOPES, José Dermeval Saraiva; Centro de Produções Técnicas (MG). Construções com bambu: opção de baixo custo. Viçosa: CPT, [1998]. 1 videocassete (65min): VHS/NTSC, son., color.
TAVES, Rodrigo França. Ministério corta pagamento de 46,5 mil professores. O Globo, Rio de Janeiro, 19 maio 1998. Disponível em:. Acesso em: 19 maio 1998.
Fazer a referência de uma obra significa reunir um conjunto de dados (tais como autoria, título, editora, local e ano de publicação) sobre o documento, que permita identifica-lo de forma única. Essa descrição deve ser elaborada seguindo a normalização nacional descrita na NBR 6023:2002, produzida pela ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas.

 

2.7 Anexo(s)

Sugere-se apresentação em folha distinta, título centralizado, elemento opcional.
Poderão fazer parte do item "Anexos", textos ou documentos não elaborados pelo autor, que venham contribuir para ilustrar, esclarecer ou fundamentar melhor o trabalho. São exemplos de anexos: leis, mapas, fotografias, plantas etc.
Ressalta-se que no corpo do trabalho deve-se fazer citação referente ao material colocado anexo.
"Os anexos são identificados por letras maiúsculas consecutivas, travessão e pelos respectivos títulos." (ABNT. NBR 14724, 2002, p. 5)
Exemplo:
ANEXO A – Tabela de classificação de sementes.

Fonte: www.bu.ufsc.br

Introdução à Filosofia


O Mito

A Filosofia nasceu realizando uma transformação gradual sobre os mitos gregos ou nasceu por uma ruptura radical com os mitos? O que é o Mito? Um Mito é a narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, da terra, dos homens, das plantas, dos animais, do fogo, da água, etc.). A palavra MITO vem do grego, MYTHOS, e deriva de 02 verbos: do verbo MYTHEYO (contar, narrar, falar alguma coisa para outros) e o verbo MYTHEO (conversar, contar, anunciar, nomear, designar). Para os gregos, Mito é um discurso pronunciado ou proferido para ouvintes que receberam como verdadeira a narrativa, porque confiam naquele que narra; é uma narrativa feita em público, baseada, portanto, na autoridade e confiabilidade da pessoa do narrador. Quem narra o Mito? O poeta-rapsodo. Quem é ele? Por que tem autoridade? Acredita-se que o poeta é um escolhido dos deuses, que lhe mostram os acontecimentos passados e permitem que ele veja a origem de todos os seres e de todas as coisas para que possa transmiti-la aos ouvintes. Sua palavra – O Mito – é sagrada porque vem de uma revelação divina. O Mito é, pois, incontestável e inquestionável.
Como o mito narra à origem do mundo e de tudo que nele existe? De 03 maneiras principais:
  1. Encontrado o pai e a mãe e dos seres, Isto é, tudo o que existe decorre de relações sexuais entre forças divinas pessoais. Essas relações geram os demais deuses: os titãs (seres semi-humanos e semi-divinos), os heróis (filhos de um deus ou deusa com uma humana ou humano), os humanos, os metais, as plantas, os animais as qualidades. A narração da origem é, assim, uma genealogia, isto é, narrativa da geração dos seres, das coisas, por outros seres, que são seus país ou antepassados. Ex: o mito que narra à história do herói Hércules.
  2. Encontrando uma rivalidade ou uma aliança entre os deuses que faz surgir alguma coisa no mundo. Nesse caso, o mito narra ou uma guerra entre as forças divinas ou uma aliança entre elas para provocar alguma coisa no mundo dos homens. Ex: o mito que narra A Guerra de Tróia foi uma rivalidade entre as deusas. Elas aparecem em sonho para o príncipe troiano Páris, oferecendo para ele seus dons e ele escolheu a deusa do amor Afrodite. As outras deusas, enciumadas, o fizeram raptar a grega Helena, mulher do general Menelau, e isso deu início à guerra entre os humanos.
  3. Encontrando as recompensas ou castigos que os deuses dão a quem lhes obedece ou a quem lhes desobedece, respectivamente. Ex: O mito que narra a história do uso do fogo pelos homens, diz que o titã, Prometeu, roubou uma centelha de fogo dos deuses e a trouxe de presente para os humanos. Prometeu foi castigado (amarrado nem rochedo para que as aves de rapina, eternamente, devorassem seu fígado). Os homens foram castigados com uma mulher encantadora deita pelos deuses, Pandora, a quem foi entregue uma caixa que conteria coisas maravilhosas, mas que nunca deveria ser aberta. Pandora foi enviada aos humanos e, cheia de curiosidade e querendo dar a eles as maravilhas, abriu a caixa. Dela saíram todas as desgraças, doenças, pestes, guerras e, sobretudo, a morte. Explica-se, assim, a origem dos males do mundo.

Cosmogonias e Teogonias

O Mito narra à origem das coisas por meio de lutas, alianças e relações sexuais entre forças sobrenaturais que governavam o mundo e o destino dos homens. É um modo ingênuo e fantasioso de estabelecer algumas verdades que não só explicam parte dos fenômenos naturais ou mesmo a construção cultural, mas dão, também, as formas de ação humana. Como os mitos sobre a origem do mundo são genealogias, diz-se que são Cosmogonias e Teogonias. A palavra gonia vem de 02 palavras gregas: do verbo gennao (engendrar, gerar, fazer nascer e crescer) e do substantivo genos (nascimento, gênese, descendência, gênero, espécie). Gonia, portanto, quer dizer: geração, nascimento a partir da concepção sexual e do parto. Cosmos, que quer dizer mundo organizado. Assim, a Cosmogonia é a narrativa sobre o nascimento e a organização do mundo, a partir de forças geradoras (pai e mãe) divinas. Teogonia é uma palavra composta de gonia e theos, que, em grego, significa: as coisas divinas, os seres divinos, os deuses. A Teogonia é, portanto, a narrativa da origem dos deuses, a partir de seus antepassados.

Funções do Mito

Além de acomodar e tranqüilizar o homem em face de um mundo assustador, dando-lhe a confiança de que, através de suas ações mágicas, o que acontece no mundo natural depende, em parte, dos atos humanos, o Mito também fixa modelos exemplares d todas as funções e atividades humanas. O ritual é a repetição dos atos dos deuses foram executados no início dos tempos e que devem ser imitados e repetidos para que as forças do bem e do mal se mantenham sobre controle. Desse modo, o ritual “atualiza”, isto é, torna atual o acontecimento sagrado que teve lugar no passado mítico. O Mito, portanto, é uma primeira fala sobre o mundo, uma primeira atribuição de sentido ao mundo, sobre a qual a afetividade e a imaginação exercem grande papel, e cuja função principal não é explicar a realidade, mas acomodar o homem ao mundo.

Características do Mito

O Mito Primitivo é sempre um Mito Coletivo. O grupo, cuja sobrevivência deve ser assegurada, existe antes do indivíduo e é só através dele que os sujeitos individuais se reconhecem enquanto tal. Explicando melhor, o sujeito só têm consciência, só se conhece como parte do grupo. É através da existência dos outros e do reconhecimento dos outros que ele se afirma. Por isso, pode ser expulso simbolicamente: no momento em que falta reconhecimento dos outros integrantes do grupo, ele não se reconhece não se encontra mais. Outra característica do Mito é o fato de ser sempre Dogmático, isto é, de apresentar-se como verdade que não pode ter nenhuma contestação. A sua aceitação, então tem de ser através da fé e da crença. Não é uma aceitação racional, e não pode ser nem provado nem questionado. Dentro dessa perspectiva de coletivismo, a transgressão da norma, a não obediência da regra afeta o transgressor e toda sua família ou comunidade. Assim é criado o tabu – a proibição – envolto em clima de temor sobrenaturalidade, cuja desobediência é extremamente grave. Só os ritos de purificação ou de “bode expiatório”, nos quais o pecado é transferido para um animal, podem restaurar o equilíbrio da comunidade e evitar que o castigo dos deuses recaia sobre todos.

O Mito Hoje

Mas, e quanto aos nossos dias, os Mitos são diferentes? O pensamento crítico e reflexivo, que teve início com os primeiros filósofos, na Grécia do século VI a.C., e o desenvolvimento do pensamento científico a partir do século XIV, com o Renascimento, ocuparam todo o lugar do conhecimento e condenaram à morte o modo mítico de nos situarmos no mundo moderno? Essa é a posição defendida por Augusto Comte, filósofo francês do século XIX, fundador do Positivismo. Essa corrente filosófica explica a evolução da espécie humana em 03 estágios: o mítico (teológico), o filosófico (metafísico) e o científico. Este último apresenta-se como coroamento do desenvolvimento humano, que não só é superior aos outros, como é o único considerado válido para se chegar à verdade. Assim, ao opor o poder da razão à visão ingênua oferecida pelo Mito, o Positivismo, de um lado, empobrece a realidade humana. O homem moderno, tanto quanto o antigo, não é só razão, mas também afetividade e emoção. Se a ciência é importante e necessária à nossa construção de mundo, não oferece a única interpretação válida do real. Ao contrário, a própria ciência pode virar um Mito, quando somos levados a acreditar que ela é feita à margem da sociedade e de seus interesses, que mantém total objetividade é que é neutra. Negar o Mito é negar uma das formas fundamentais da existência humana. O Mito é a primeira forma de dar significado ao mundo: fundada no desejo de segurança, a imaginação cria historias que tranqüilizam que são exemplares e nos guiam no dia-a-dia. Continuamos a fazer isso pela vida afora, independente de nosso desenvolvimento intelectual. Essa de criar fábulas subsiste na arte popular permeia a nossa vida diária. Hoje em dia, os meios de comunicação de massa trabalham em cima dos desejos e anseios que existem na nossa natureza inconsciente e primitiva. Os super-heróis dos desenhos animados e dos quadrinhos, bem como os personagens de filmes. No campo político, certas figuras são transformadas em heróis, pregando um modelo de comportamento que promete combater a corrupção, os privilégios e demais mordomias, levar o país ao desenvolvimento. Têm de ganhar a eleição não é? Também artistas e esportistas podem ser transformados em modelos exemplares: são fortes, saudáveis, têm sucesso na profissão, são excelentes, país, filhos e maridos. Como não mitificá-los? Assim vemos que mito e razão se complementam em nossas vidas e o mesmo mundo, o pensamento reflexivo pode rejeitar alguns mitos, principalmente os que veiculam valores destrutivos ou que levam à desumanização da sociedade. Cabe a cada um de nós escolher quais serão nossos modelos de vida.

A Mitologia Grega

As lendas, criadas pela imaginação popular, deram origem aos mitos. Chamamos de Mitologia o conjunto de narrativas sobre a vida dos deuses, responsáveis pela criação do mundo e pelo destino dos homens. Esse saber mitológico explicava para a época e para o momento histórico as principais questões da existência humana, da natureza e da sociedade. A Mitologia Grega possuía muitos deuses. Zeus, o principal deles, reinava no Monte Olimpo e era o senhor dos fenômenos atmosféricos, dos rios, das chuvas, controlando todos os outros deuses. Hera, esposa de Zeus, protegia o casamento, a maternidade e a família; Apolo protegia as artes e era o deus do sol; Dionísio protegia os agricultores e era o deus do vinho. Muitos heróis, em função de seus feitos e ações, eram elevados a categoria de deuses: Perseu, Teseu, Hércules, por exemplo.

O Mito da Origem dos Deuses e da Humanidade

No início de tudo, o primeiro que existiu foi o abismo, que os gregos chamavam de Kháos. O que é o Caos? É o vazio, um vazio escuro onde não se distingue nada. Espaço queda, vertigem e confusão, sem fim, sem fundo. Depois surgiu Terra, que, para os gregos, é Gaia. Gaia é o lugar onde os deuses, os homens e os bichos podem andar em segurança. Ela é o chão do mundo. Assim Gaia surgiu do Caos, dela brotou o que havia em suas profundezas: primeiro Ouranós (Urano), o Céu estrelado; depois dele Pontós, as águas, mais exatamente a Onda do Mar. Urano e Gaia permanecem unidos e daí nascem vários filhos: 06 Titãs e suas 06 irmãs, as Titânias, mas que, pela proximidade dos país, não conseguem sair do ventre da mãe. Quando Khrónos, o mais jovem dos Titãs, separa Urano e Gaia, o Céu tornar-se um teto para a Terra, os filhos podem sair de dentro do ventre da mãe e ter seus próprios filhos. É o começo da sucessão de gerações e, assim, Cronos tornar-se o senhor do tempo. Zeus filho do Titã Cronos e de Réia, apoderou-se do poderá atacando Cronos e os Titãs, numa luta que durou 10 anos. Segundo as narrativas, o Titã Prometeu roubou o fogo sagrado dos deuses, fez do limo da terra o homem e com uma fagulha do fogo divino deu-lhe vida.

FILOSOFIA

O QUE É FILOSOFIA?

Martinho Carlos Rost

O que é “certo”? O que é “errado”? Há algo de “absoluto” que sirva de referência às nossas ações? Ou será tudo “relativo”, dependendo de época e lugar? Deus existe? Ou será que inventamos deuses e os fazemos portadores de nossas “verdades” e de nossos interesses? Perguntas assim sempre foram feitas, independentemente de tempo e de lugar. São perguntas que não querem calar? Perguntas que fazem de nós seres pensantes – e não, tão-somente, seres viventes. Perguntas que nos unem naquilo a que podemos dar o nome de “comunidade humana”. Perguntas que questionam – e sempre questionaram! – aquilo que está posto como “verdade”, mas que não nos convém. Perguntas... Filosóficas. O que é Filosofia? Filosofia é a faculdade de manter viva a curiosidade da infância e a rebeldia da adolescência. Filósofos são crianças que não cessam de se admirar (Platão) e de se espantar (Aristóteles) diante de um mundo que parece renascer de novo a cada aurora. Filósofos são como adolescentes que não aceitam os limites impostos pelo “já pensado”, pelo “já dito” e pelo “já feito”. Filosofia é a capacidade de manter sempre em vista uma utopia – como um horizonte – jamais será alcançada; mas que nos faz caminhar, ao invés de para e ficar pastando feito cordeirinhos mansos à espera do abate. Para um filósofo, a busca começa onde termina a busca daqueles que, como burros, andam em círculo perseguindo cenoura que lhe é oferecida por aqueles que exploram seu trabalho. Filósofos sabem que as respostas jamais serão encontradas nos jornais, nas revistas, nos livros, na tevê ou na Internet – mas sabem que, como numa história policial, mesmo um crime jamais será solucionado, a solução existe e depende dos que persistem em buscá-la. Filosofia não é para quem espera acontecer: é para quem sabe e faz à hora.


A Origem da Filosofia

  • Filosofia é uma linguagem de amor a sabedoria. Nasceu do amor que busca compreender o mundo, os outros e a si mesmo. Foi o desejo de compreender a realidade que gerou a Filosofia.
  • A Palavra FilosofiaFILO E SOPHIA é grega.
Amizade Sabedoria

  • Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito ao saber. Filosofo: o que ama a sabedoria tem amizade ao saber, deseja saber.
Qual é o seu nome? Por que você tem esse nome? Quem o escolheu?

  • Invenção da Palavra Pitágoras século V antes de Cristo. A Sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas os homens podem desejá-la e amá-la, tornando-se filósofo.
  • Considerações de Pitágoras – o filosofo não é movido por interesses comerciais – não coloca o saber como propriedade sua, como uma coisa comprada e vendida; é movido pelo desejo de contemplar, julgar e avaliar as coisas e ações, a vida; em resumo o desejo de saber. A verdade não pertence a ninguém, ela é o que buscamos e que está diante de nós para ser contemplada e vista, se tivermos olhos (do espírito) para vê-la.
  • O Nascimento da Filosofia – a Filosofia entendia como aspiração ao conhecimento racional, lógico e sistemático da realidade natural e humana, da origem e causas do mundo e de suas transformações, da origem e causas das ações humanas e do próprio pensamento, é um fato tipicamente grego. Evidentemente, isso não quer dizer, de modo algum, que outros povos, tão antigos quanto os gregos, como os chineses, os hindus, os japoneses, os árabes, os persas, os hebreus, os africanos ou os índios da América, não possuam sabedoria, pois possuíam e possuem. Também não quer dizer que todos esses povos não tivessem desenvolvido o pensamento e formas de conhecimento da Natureza e dos seres humanos, pois desenvolveram e desenvolvem. Quando se diz que a Filosofia é um fato grego, o que se quer dizer é que ela possuiu certas características, apresenta certas formas de pensar e de exprimir os pensamentos, estabelece certas concepções sobre o que desejam a realidade, o pensamento, a ação, as técnicas, que são completamente diferentes das características desenvolvidas por outros povos e outras culturas. Em outras palavras, Filosofia, é um modo de pensar e exprimir os pensamentos que surgiu especificamente com os gregos e que, o modo de pensar e de se exprimir predominantemente da chamada cultura européia ocidental, da qual, em decorrência da colonização portuguesa do Brasil, nos também participamos. Através da Filosofia, os gregos instituíram para o Ocidente europeu as bases e os princípios fundamentais do que chamamos razão, racionalidade, ciência, ética, política, técnica, arte.
  • A Filosofia nasceu no final do século VII e início do século Vi antes de cristo, nas colônias gregas da Ásia Menor, em uma região denominada Jônica, na cidade de Mileto. E o primeiro filósofo foi Tales de Mileto. O surgimento do pensamento filosófico nas colônias gregas é significativo uma vez que ali se dava um maior contato com outras culturas (egípcios, assírios, persas, caldeus babilônios), levando uma relativação do Mito e das práticas religiosas.

  • ATITUDES FILOSÓFICAS:
  • Questionar – ser curioso, perguntar a si mesmo e aos outros, colocar em questão, desconfiar da realidade.
  • Investigar – formular hipóteses; comparar; examinar; estabelecer critérios para julgar; desenvolver conceitos; procurar respostas para os problemas; buscar conclusões.
  • Ampliar Horizontes – ter sempre a mais ampla visão possível do assunto; considerar; pesquisar, imaginar; elaborar; sintetizar; levar em conta quem está falando.
Atividade

  1. Qual a diferença entre cosmogonia e teogonia?
  2. Levante, a partir do texto, as características do mito primitivo e do mito moderno.
  3. Cite uma figura que você considera mítica na atualidade e explique como ela se transformou em uma figura exemplar.
  4. Explique o texto seguinte, a partir do conceito de Mito: “Não há homem do campo que não conheça pra seu uso próprio infusões de raízes e folhas para males de diferentes órgãos, banhos de várias ervas para machucados e inflamações, rezas e simpatias para chamar a chuva ou afastar a peste de seu quintal, para livrar-se de uma achaque, para atrair dinheiro, etc. mesmo na cidade, cresce o contingente dos que, de uma forma ou de outra, se ligam ás benzeduras, aos trabalhos nos terreiros, dos que guardam seus amuletos e medalhas, dos que deixam os seus ex-votos junto aos santos, dos que confessam uma crença no poder paranormal de operar que têm certos médiuns ou `doutores`, ou na eficiência de uma simpatia feita com fé e respeito.” (Revista Mito e magia, nº 01, Editora Três.)
  5. Cite uma figura da Mitologia Grega e conte um pouco de sua história


O Conhecimento Filosófico

O Que é Filosofia?

Filosofia é a faculdade de manter viva a curiosidade. Filósofos não cessam de se admirar (Platão) e de se espantar (Aristóteles) diante de um mundo que parece renascer de novo a cada aurora. Filósofos não aceitam os limites impostos pelo “já pensado”, pelo “já dito” e pelo “já feito”. Filosofia é a capacidade de manter sempre em vista uma utopia – como um horizonte – jamais será alcançada; mas que nos faz caminhar.
A Filosofia é movimento, pois o mundo é movimento. A certeza e sua negação são apenas dois momentos (a tese e a antítese) que serão superados pela síntese, a qual, por sua vez, será nova tese, e assim por diante. A Filosofia é a procura da verdade, não a sua pose.

A Tarefa da Filosofia

A Filosofia é um jogo irreverente que parte do que existe, crítica, coloca em dúvida, faz perguntas inoportunas, abre a porta das possibilidades, faz-nos entrever outros mundos e outros modos de compreender a vida.
A Filosofia incomoda porque questiona o modo de ser das pessoas, das culturas e do mundo. Questiona as práticas política, científica, técnica, ética, econômica, cultural e artística. Não há área onde Lea não se meta, não indague, não perturbe. E, nesse sentido, a filosofia é perigosa, subversiva, pois vira a ordem estabelecida de cabeça para baixo.

Periodização da História da Grécia Antiga

A Filosofia terá, no decorrer dos séculos, um conjunto de preocupações, indagações e interesses que lhe vieram de seu nascimento na Grécia. A história da Grécia costuma ser dividida pelos historiadores em 04 grandes fases ou épocas:
  1. a da Grécia Homérica, corresponde aos 400 anos narrados pelo poeta Homero, em seus 02 grandes poemas, Ilíada e Odisséia;
  1. a da Grécia Arcaiaca ou dos 07 sábios, do século VII ao século V antes de Cristo, quando os gregos criaram cidades como Atenas, Esparta, Tebas, Megara, Samos, etc., onde predomina a economia urbana, baseada no artesanato e no comércio;
  1. a da Grécia Clássica, nos séculos V e IV antes de Cristo, quando a democracia se desenvolve, a vida intelectual e artística entre o apogeu e Atenas domina a Grécia com seu império comercial e militar;
  1. e, finalmente a época Helenística, a partir do final do século IV antes de Cristo, quando a Grécia passa para o poderio de Alexandre da Macedônia e, depois, para as mãos do Império Romano, terminado a história de sua existência independente.
Os períodos da Filosofia não correspondem exatamente a essas épocas, já que ela não existe na Grécia Homérica e só aparece nos meados da Grécia Arcaica. Entretanto, o apogeu da Filosofia aconteceu antes do apogeu da cultura e da sociedade gregas: portanto, durante a Grécia Clássica.

Os 04 grandes períodos da filosofia grega, nos quais seu conteúdo muda e se enriquece, são:

  1. Período Pré-Socrático ou cosmológico, do final do século VII ao final do século V a.C., quando a Filosofia se ocupa fundamentalmente com a origem do mundo e as causas das transformações na Natureza.
  1. Período Socrático ou Antropológico, do final do século V e todo o século IV a.C., quando a Filosofia investiga as questões humanas, isto é, a ética, a política e as técnicas (em grego, ântropos, que dizer homem; por isso o período recebeu o nome de antropológico).
  1. Período Sistemático, do final do século IV ao final do século III a.C., quando a Filosofia busca reunir e sistematizar quando foi pensado sobre a cosmologia e a antropologia, interessando-se, sobretudo em mostrar que tufo pode ser objeto do conhecimento filosófico, desde que as leis do pensamento de suas administrações estejam firmemente estabelecidas para oferecer os critérios da verdade e da ciência.
  1. Período Helenístico ou Greco-Romano, do final do século III a.C. até o século VI depois de Cristo. Nesse longo período, que já alcança Roma e o pensamento dos primeiros padres da Igreja, a Filosofia se ocupa, sobretudo com as questões da ética, se ocupa, sobretudo com as questões da ética, do conhecimento e das relações entre o Homem e a Natureza e de ambos com Deus.

As Condições Para o Surgimento da Filosofia

  • As Viagens Marítimas, que permitiram aos gregos descobrir que os locais que os mitos diziam habitados por deuses, titãs e heróis eram, na verdade habitados por outros seres humanos; e que as regiões dos mares que os mitos diziam habitados por monstros e seres fabulosos não possuíam nem monstros nem seres fabulosos. As viagens produziram o desencantamento ou a desmitificação do mundo, que passou, assim, a exigir uma explicação sobre sua origem, explicação que o mito já não podia oferecer;
  • A Invenção do Calendário, que é a forma de calcular o tempo segundo as estações do ano, as horas do dia, os fatos importantes que se repetem, revelando, com isso, uma capacidade de abstração nova, ou seja, uma percepção do tempo como algo natural é não como um poder divino incompreensível;
  • A Invenção da Moeda, que permitiu uma forma de troca que não se realiza através das coisas ou objetos concretos. A moeda tinha sido inventada na Lídia aparece na Grécia por volta do século VII a.C., muito mais que um metal precioso que se troca por qualquer mercadoria, a moeda é um artifício racional, uma convenção humana, uma noção abstrata de valor que se estabelece a medida comum entre valores diferentes;
  • O Surgimento da Vida Urbana, com predomínio do comércio e do artesanato, dando desenvolvimento as técnicas de fabricação e de troca, e diminuindo o prestígio das famílias da aristocracia proprietária de terras, e por quem e para quem os mitos foram criados, além disso, o surgimento de uma classe de comerciantes ricos, que precisava encontrar pontos de poder e de prestígio para suplantar o velho poderio aristocracia de terras e sangue (as linhagens constituídas pelas famílias), fez com que se procurasse o prestígio pelo patrocínio e estímulo às artes, às técnicas e aos conhecimentos favorecendo um ambiente onde a filosofia poderia surgir;
  • A Invenção da Escrita Alfabética, que, como a do calendário e da moeda, revela o crescimento da capacidade de abstração e de generalização, uma vez que a escrita alfabética ou fonética, diferentemente das outras escritas – como, por exemplo, os hieróglifos dos egípcios ou os ideogramas dos chineses –, supõe que não se represente uma imagem que está sendo dita, mas a idéia dela, o que ela pensa e se transcreve;
  • A Invenção da Política, que introduz 03 aspectos novos e decisivos para o nascimento da filosofia:
  1. A idéia da lei como expressão de vontade de uma coletividade humana que decide por si mesma o que é melhor para si e como ela definira suas relações internas. O aspecto legislado e regulado da cidade – da polis – servirá de modelo para a filosofia propor o aspecto legislado, regulado e ordenado do mundo como um mundo racional
  1. O surgimento do espaço político, que faz aparecer um novo tipo de palavra ou de discurso, diferente daquele que era proferido pelo mito. Neste, um poeta-vidente, que recebia uma iluminação misteriosa, dizia aos homens quais eram as decisões dos deuses a que eles deveriam obedecer
Agora com a polis, isto é, a cidade política, surge a palavra como direito de cada cidadão de emitir em público sua opinião, discuti-la com os outros, persuadi-los a tomar uma decisão proposta por ele, de tal modo que surge o discurso político como a palavra humana compartilhada, como diálogo, discussão e deliberação humana, isto é, como decisão final racional e exposição dos motivos ou das razões para fazer ou não fazer alguma coisa.

  1. A política estimula um pensamento e um discurso que na procuram ser formulados por seitas secretas dos iniciados em mistérios sagrados, ser públicos, ensinados, transmitidos, comunicados e discutidos. A idéia de um pensamento que todos podem compreender e discutir, que todos podem comunicar e transmitir, e fundamental para a filosofia.

Características do Pensamento Filosófico

  • Tendência a Racionalidade, isto é, a razão e somente a razão, com seus princípios e regras, é o critério da explicação de alguma coisa;
  • Repostas Conclusivas, para os problemas, Istoé, colocado um problema, sua solução é submetida à análise, á crítica, á discussão e á demonstração, nunca sendo aceita como uma verdade, se não for provado racionalmente que é verdadeira;
  • Regras de Funcionamento, o filosofo é aquele que justifica suas idéias provando que segue regras universais do pensamento. Para os gregos, é uma lei universal do pensamento que a contradição indica erro ou falsidade. Uma contradição acontece quando afirmo e nego a mesma coisa sobre uma mesma coisa (ex. “o infinito não têm limites e é limitado”). Quando uma contradição aparecer numa explicação filosófica, ela deve ser considerada falsa;
  • Recusa de Explicações Preestabelecidas e, portanto, exigência de que, para cada problema, seja investigada e encontrada a solução própria exigida por ele; 
     
  • Tendência a Generalização, isto é, mostrar que uma explicação tem validade para muitas coisas diferentes porque, sob a variação percebida pelos órgãos de nossos sentidos, o pensamento descobre semelhanças e identidades.
A reflexão filosófica é:

  • Radical – a palavra latina radix, radicis significa “raiz”, e no sentido figurado, “fundamento base”. Portanto, a filosofia é radical não no sentido, corriqueiro de ser inflexível (nesse caso seria a antifilosofia!), mas enquanto busca explicitar os conceitos fundamentados usados em todos os campos do pensar e do agir. Por exemplo, a filosofia das ciências examina os pressupostos do saber científico, do mesmo modo que, diante da decisão de um vereador aprovar determinado projeto, a filosofia política investiga as “raízes” (os princípios políticos) que orientam sua ação.
  • Rigorosa – enquanto a “filosofia de vida” não leva as conclusões até as últimas conseqüências, e nem sempre é capaz de examinar os fundamentos dela, o filósofo deve dispor de um método claramente explicitado a fim de proceder com rigor, garantindo a coerência e o exercício da crítica. Mesmo porque o filósofo não faz afirmações apenas, precisa justificá-las com argumentos. Para tanto usa de linguagem rigorosa, que evita as ambigüidades (incertezas) das expressões cotidianas e lhe permite discutir com os outros filósofos a partir de conceitos definidos. É por isso que o filosofo sempre “inventa conceitos”, ou cria expressões novas (quanto fizeram isto os gregos!) ou altera e especifica o sentido de palavras usuais.
  • De conjunto – enquanto as ciências são particulares, porque abordam “recortes” da realidade e se distinguem de outras formas de conhecimento, e a ação humana expressa nas mais variadas formas (técnica, magia, arte, política, etc.), a filosofia é globalizante, porque examina os problemas sob a perspectiva de conjunto, relacionamento os diversos aspectos. Entre si. Nesse sentido, além de considerarmos o objeto da filosofia é tudo (porque nada escapa a seu interesse), completamos que a filosofia visa ao todo, a totalidade. Daí a função da interdisciplinaridade da filosofia, estabelecendo o elo entre as diversas formas de saber e agir humanos.
A maneira pela qual se faz rigorosamente a reflexão filosófica varia conforme a orientação do filosofo e as tendências históricas decorrentes da situação vivida pelos homens em sua ação sobre o mundo.

As diferenças entre o Mito e a Filosofia são basicamente 03:

  • O Mito pretendia narrar como as coisas eram ou tinham sido no passado imemorial, longínquo e fabuloso, voltando-se para o que era antes que tudo existisse, tal como existe agora. A Filosofia ao contrário, se preocupa em explicar como e por que, no passado, no presente e no futuro (isto é, na totalidade do tempo), as coisas são como são.
  • O Mito narra a origem através de genealogias e rivalidades ou alianças entre forças divinas sobrenaturais e personalizadas, enquanto a Filosofia, ao contrário, explica a produção natural das coisas por elementos e causas naturais e impessoais. O Mito falava em Urano, Ponto e Gaia; a Filosofia fala em céu, mar e terra. O Mito Nara a origem dos seres celestes (os astros), terrestres (plantas, animais e homens) e marinhos pelos casamentos de Gaia, Urano e Ponto. A Filosofia explica o surgimento desses seres por composição, combinação e separação dos 04 elementos – úmido, seco, quente e frio, ou água, terra, fogo e ar.
  • O Mito não se importava com as contradições, com o fabuloso e o incompreensível, não só porque esses eram traços próprios da narrativa mítica. Como também porque a confiança e a crença no Mito vinham da autoridade religiosa do narrador. A Filosofia, ao contrário, não admite contradições, fabulação e coisas incompreensíveis, mas exige que a explicação seja coerente, lógica e racional; além disso, a autoridade da explicação não vem da pessoa do filosofo, mas da razão, que é a mesma em todos os seres humanos.
Questões

  1. Defina Filosofia e sua tarefa?
  2. Comente as fases da história grega.
  3. O que quer dizer Cosmologia? O que foi o Período Cosmológico?
  4. O que foi o Período Socrático?
  5. O que foi o Período Sistemático?
  6. Que condições históricas permitiram o nascimento da Filosofia na Grécia?
  7. Mencione explique 03 características da filosofia nascente?
  8. O que quer dizer radicalismo, rigor e conjunto no interior da reflexão filosófica.
  9. Qual a diferença entre Mito e Filosofia?
  10. Escreva sobre alguma narrativa mitológica, conhecida por você.