Tendências: Infância digital, íntimo e perigoso

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Pesquisa mostra que crianças entre 5 e 9 anos são mais ativas na internet que os adultos. Outros resultados também surpreendem - e preocupam 

Eles formam o que ficou conhecido como “geração digital”. Já nasceram praticamente íntimos das tecnologias de informação e comunicação. Desconhecem estranhamento frente a aparelhos como computador e telefones celulares e navegam facilmente pelas ondas da internet. O que causa espanto, na verdade, é que eles têm apenas entre 5 e 9 anos de idade. Uma pesquisa recente realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.BR)revela como essas crianças usam as tais ferramentas tecnológicas. O resultado é surpreendente.

Depois de ouvir em todo o País 2.500 crianças dentro da faixa etária estipulada, os pesquisadores descobriram que, proporcionalmente, as crianças são mais ativas no computador que os adultos. Cinquenta e sete por cento das crianças pesquisadas responderam já ter usado o computador contra 53% dos adultos ouvidos em outra pesquisa realizada pelo mesmo comitê, no mesmo período.

Esse índice de uso da máquina vai a 60% quando o universo pesquisado é somente a área urbana (contra 46% na área rural). A utilidade mais frequente dos computadores para essas crianças pode ser classificada como lúdica. Em primeiro lugar estão os jogos (91%), seguidos de ações como desenhar, escrever e ouvir músicas. Já em relação ao uso da internet, os índices são menores. Do total de entrevistados, 29% das crianças afirmou já ter navegado pelo mundo virtual (31% na área urbana e 18% na área rural). Também nesse quesito os jogos predominam na preferência dos pequenos internautas seguidos (de longe) por acessos a redes sociais, na sequência aparecem filmes e desenhos animados.

Como o CGI.BR trabalha com o conceito amplificado de Tecnologias da Informação e da Comunicação (TCI), também foi avaliada a relação desses pequenos com aparelhos celulares. Mais uma vez, os números são inesperados. Sessenta e cinco por cento dos entrevistados afirmaram já ter usado celular alguma vez. Destes, 14% revelaram já ser donos de aparelhos telefônicos móveis.

Riscos
Tal proximidade precoce dessa geração com o mundo virtual já mobiliza entidades e estudiosos no Brasil e no resto do mundo. A questão levantada não é o acesso irreversível ao mundo digital. Mas como ele se dá e a que riscos ele expõe esses pequenos micreiros e internautas

“Esse cenário vem gerando um desequilíbrio entre o exercício dos direitos fundamentais e os riscos relativos à privacidade, à honra, à reputação e à intimidade, fragilizando seus usuários e, de alguma forma, expondo-os a situações de discriminação, exploração sexual, ao cybercrime e ao bullying”, pontua o coordenador do Programa de Modernização do Instituto Municipal de Pesquisas, Administração e Recursos Humanos de Fortaleza (Imparh), Alan Kardek Loiola, um dos principais articuladores locais do movimento que estuda a questão.

E agora

ENTENDA A NOTÍCIA
A chamada “geração digital” pode até ter intimidade com o mundo virtual, mas lhe falta maturidade para saber dos seus riscos. Como lidar com essa situação é uma das maiores preocupação dos pais no início deste século XXI.
DICAS SIMPLES E IMPORTANTES

Quer monitorar por onde anda e o que faz seu filho pequeno no mundo virtual? É só seguir algumas regras básicas apontadas por especialistas:

Antes de tudo, nada de computador no quarto. A máquina deve estar em um ambiente social, com acesso de todos da casa.

Periodicamente, pesquise na internet, em sites de busca, usando o nome de seu filho.

A depender da idade, tenha com você as senhas de emails e redes sociais que ele usa.

Estabeleça horários para ele acessar a internet.

Sempre que possível, seja seu companheiro de navegação pelo mundo virtual.

Émerson Maranhão
emerson@opovo.com.br

Fonte: http://www.opovo.com.br/app/opovo/tendencias/2010/12/04/noticiatendenciajornal,2073761/infancia-digital-intimo-e-perigoso.shtml