sábado, 8 de outubro de 2011

Professores suspendem greve que já durava 63 dias

A partir da próxima segunda-feira as aulas da rede estadual de ensino serão retomadas. No mesmo dia, docentes e Governo voltam a negociar piso salarial. Professores pró-greve questionaram decisão de ontem


Apesar dos protestos e contestações, a greve dos professores da rede estadual de educação foi suspensa na tarde de ontem. A decisão de retornar às aulas a partir da próxima segunda-feira, entretanto, está rodeada de questionamentos. Uma parte significativa de professores que participaram da assembleia geral e votou pela manutenção da paralisação acusou o Sindicato dos Professores do Estado do Ceará (Apeoc) - que tem proximidade com o PT -, de ter dado “golpe” na interpretação do resultado da votação.


Isso porque a quantidade de professores que ergueram seus crachás para manifestar voto a favor da suspensão da greve foi semelhante à quantidade de professores que se manifestaram a favor da continuidade da paralisação. Como não houve contagem unitária, ficou valendo a interpretação do assessor do sindicato Apeoc, Roque Melo, que conduziu o processo de votação – com respaldo do presidente do sindicato, Anízio Melo.

O anúncio do resultado gerou revolta em uma parte de professores, que se amontoaram em frente à mesa que conduziu a assembleia para chamar o sindicato de “pelego”. “Deram um golpe na gente, porque a avaliação foi muito rápida. Foi tudo muito rápido”, disse o professor Pedro Monteiro. “Era para ter sido feita uma reavaliação ou uma contagem dos votos um a um. Houve uma forçação de barra nesse resultado”, comentou o professor George Bezerra.

Tudo normal

Anízio Melo, entretanto, considerou que a condução da votação ocorreu em normalidade e que houve uma “nítida” diferença entre a quantidade de professores contrários e favoráveis à suspensão da greve. Segundo ele, ficou claro que a maioria dos professores optou por suspender a greve.

O presidente do sindicato Apeoc informou que a greve está suspensa para que a categoria analise possíveis avanços na negociação. Uma nova reunião entre professores e Governo do Estado está marcada para a próxima segunda-feira, a partir das 15 horas, na sede da Secretaria da Educação (Seduc). Depois de um mês de negociação, uma nova assembleia deve ser convocada para analisar os resultados obtidos. Segundo Anízio, “tudo pode acontecer” na próxima reunião.

Com o resultado da assembleia, chega ao fim uma paralisação que já vinha incomodando o Governo do Estado - que ontem, por exemplo, patrocinou diversas mensagem publicitárias em emissoras de rádio e televisão pedindo aos professores que retornem às atividades normais em suas respectivas escolas.


Reposição das aulas

A partir da próxima segunda-feira, quando os professores retornam às salas de aulas, as escolas da rede estadual iniciarão o planejamento da reposição de aulas, segundo informou ontem o secretário-executivo da Educação, Idilvan Alencar. Cada escola deve montar o seu próprio calendário de reposição, já que o número de professores que cruzaram os braços variou em cada unidade escolar.

E agora

ENTENDA A NOTÍCIA

Suspensa a greve que foi marcada por momentos lamentáveis, professores e Governo voltam à mesa de negociações e têm 30 dias para tentar chegar a um consenso que, até o momento, ficou longe de ser alcançado.

Saiba mais

Como prova de que o Sindicato dos Professores do Ceará (Apeoc) está aberto à negociação, Anízio Melo apontou que a categoria aceita a implantação de um piso salarial de R$ 1.187 para o início da carreira única de professores com nível médio, graduação ou pós-graduação. Mas desde que mantida a repercussão do reajuste - o que os professores chamam de implantação do piso - em todos os demais níveis de carreira do magistério. Antes, a reivindicação dos docentes era de um piso salarial no valor de R$ 1.587, tomando como referência cálculo feita pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação.

Ao longo das negociações, o governo chegou a propor uma tabela de vencimentos que não contemplava as reivindicações dos professores. Depois da pressão dos docentes, o governo deu a garantia que não enviaria tal proposta à Assembleia Legislativa. Mas pediu o fim da greve e abriu possibilidades de os próprios docentes construírem uma proposta de adequações à Lei do Piso em parceria com o governo, tendo como base os limites orçamentários das contas públicas. Nem assim a greve foi chegou ao fim. No dia 1º/9 a greve teve seu momento mais tenso até então, quando manifestantes lotaram a Assembleia Legislativa e o Batalhão de Choque foi acionado. Tensão maior, entretanto, aconteceria no dia 29/9, quando, em nova manifestação na Assembleia, houve confronto físico entre manifestantes e policiais.

Pedro Alves
pedroalves@opovo.com.br


Fonte: http://www.opovo.com.br/app/opovo/politica/2011/10/08/noticiapoliticajornal,2312150/professores-suspendem-greve-que-ja-durava-63-dias.shtml

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